1. |
Cetim
03:36
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Ofuscada e molhada,
tens a pele enrugada.
Deste a mão iludida
numa premissa despida.
Azul iris furtiva,
ignora a missiva,
uma aguarela molhada,
Não há nada para ver aqui.
Eu queria ser quase nada,
eu estou à porta da entrada
de um corredor infinito
perdi-me sem grito, em mim.
Eu queria ser quase nada,
suprimir-me a mim
em erotismo barato,
num fato de cetim.
Tudo é quase nada.
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2. |
Antes
06:00
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Fantasmas na esquina
alvoroço constante.
Reagem os corpos,
já não sou mutante.
Nada é como era antes (x2)
Uma face apática
e um traje decente,
um batom exótico
no lábio dormente.
Nada é como era antes (x2)
Tenho a alma despida,
encharcada em vinho.
Pendurei o casaco
numa esquina sozinho.
Nada é como antes,
nada será,
nada foi.
Nada é como era antes,
nada é como era antes,
nada nos consumirá
perdidos em nós.
Nascemos mortos,
em cristais tortos.
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3. |
Estática
07:09
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Descontrolo sádico,
básico ser,
Prótese visual,
“Cometa Portugal”.
Ostraciza defuntos,
presunção tática,
estamos todos juntos
na era da estática.
Conferência no inferno,
transmissão psíquica
na televisão do eterno,
no paraíso da estática.
Consumo obrigatório
para a puta da escória
da sociedade intacta,
ergue-se uma estátua.
Estática estátua (x6)
Somos uma fraude,
simulação do autêntico,
somos uma peste,
vestimos o veneno.
Película de terror
encarnada em cimento,
tropeçam-se as patas
que correm contra o vento.
Estática estátua (x6)
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4. |
Apocalipse
04:33
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Eu já não me governo
sem me corroer um pouco,
eu já não sou sincero
sem me converter em louco.
Sou uma casa abandonada com um cadeado na porta.
Só sobrou a fachada
de uma artista que está morta.
Encontrei-te à entrada,
alucinação perpétua.
Estavas mais descontrolada,
no entanto estavas certa.
Eu já não me governo
neste caos eminente,
já não sei o que quero
neste fato indecente.
O teu deus é ateu e o meu já morreu.
Excesso e apocalipse, foi o que ele me disse.
Está a vir-se,
está a vir-se
a pensar no apocalipse.
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Conferência Inferno Porto, Portugal
Trio badwave do Porto.
Formado no final de 2018.
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